O regresso da Taxa Tobin

18-01-2012 15:54

A Euronews colocou esta semana em destaque a proposta da ATTAC para a aplicação da Taxa Tobin. O co-presidente da ATTAC France, Thomas Coutrot, explica em entrevista porque é essencial esta proposta da ATTAC.

Lê a entrevista (em baixo) ou vê o vídeo, a partir do minuto 4.40.

 « « O Europe Weekly desta semana coloca em destaque a chamada Taxa Tobin. O economista James Tobin, que a criou, dizia aos alunos que era como o monstro do Lago Ness: vê-se, desaparece e mais tarde reaparece. A história é contada por um dos seus alunos, o atual primeiro-ministro italiano Mario Monti. Este tema, a omnipresente crise da dívida soberana e as negociações para desenhar um novo projeto europeu estão em destaque no programa desta semana, apresentado por Raquel Garcia Alvarez.

A correspondente espanhola da euronews em Bruxelas entrevistou Thomas Coutrot, economista e co-presidente da ATTAC França. Uma organização que pertence ao movimento altermundialista, fundada em 1988 precisamente para defender um imposto sobre as transações financeiras.

Raquel Garcia Alvarez/euronews (RGA/euronews): “A proposta, nos anos 70, do prémio Nobel da economia norte-americano James Tobin para travar a especulação financeira tem sido bastante ignorada. Mas os líderes da União Europeia estão agora a discuti-la. Mais vale tarde do que nunca?”

Thomas Coutrot/ATTAC (TC/ATTAC): “Há fortes possibilidades deste imposto ser adotado, embora não saibamos quando é que poderá ser implementado porque de momento temos apenas projetos e promessas. A adoção deste imposto poderá ser tardia face à magnitude da crise financeira”.

RGA/euronews: “Quais são as vossas propostas concretas para definir este imposto?”

TC/ATTAC: “O imposto sobre transações financeiras é uma ferramenta que permitirá dissuadir as operações mais especulativas. Essas operações representam atualmente 80% das transações financeiras no mundo. Um imposto como a chamada Taxa Tobin permitiria desencorajar a maior parte delas”.

RGA/euronews: “Este imposto deverá permitir arrecadar, de acordo com cálculos da Comissão Europeia, cerca de 55 mil milhões de euros por ano. Tem algum receio sobre qual o destino dessa verba?”

TC/ATTAC: “Obviamente o risco é que os governos queiram usar o dinheiro para tapar os seus défices, criados depois da redução de impostos, nos últimos 20 anos, às classes mais ricas da população.”

RGA/euronews: “Mas este imposto pode levar a uma fuga de capitais para a os mercados financeiros da Ásia ou dos Estados Unidos. Este argumento, muito usado pelos britânicos, é aceitável?”

TC/ATTAC: “A única questão que importa é saber se essas operações financeiras são úteis ou prejudiciais para a sociedade. Se as transações prejudiciais se deslocarem para os Estados Unidos, tanto melhor. Quer dizer, tanto melhor para a Europa e tanto pior para os Estados Unidos. A especulação não beneficia em nada as economias, só traz instabilidade e crises.”

RGA/euronews: “Mas o setor financeiro ainda é uma indústria importante, que cria emprego.”

TC/ATTAC: “O setor financeiro é uma indústria com excessiva importância na Europa. Criou muitos postos de trabalho, ou melhor, agora está em processo de os destruir! Mas de facto criou muito emprego durante anos porque eram postos de trabalho socialmente inúteis, até mesmo prejudiciais. Especuladores a comercializar ações para ganhar muito dinheiro no curto prazo, sem qualquer benefício social, não é criar verdadeira riqueza. São apenas bolhas financeiras e instabilidade económica”. »

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