SÓ A ESQUERDA PODE PROVAR QUE HÁ ALTERNATIVAS! - Alfredo Barroso

18-10-2015 20:00

Esta é, finalmente, uma grande oportunidade para começar a ampliar os horizontes da democracia portuguesa, que têm estado circunscritos desde 1976, a nível nacional, a coligações e acordos políticos ao centro e à direita, segundo uma lógica perversa que a direita inscreve no chamado «arco da governação» e o PSD e o PS designam por «bloco central».

A alternância entre os partidos políticos que governam o país há quatro décadas tem-se traduzido num rotativismo acabrunhante e estéril, empenhado na defesa do establishment e do status quo, e na rejeição de qualquer ruptura com as políticas económicas e financeiras neoliberais, com o poder das grandes empresas, da banca e da plutocracia, e com o exército de economistas mercenários e comentadores arregimentados que condicionam o espaço público em benefício do poder económico e financeiro.

A democracia não é apenas um princípio político: a regra da maioria. É também um princípio social: a constante busca da igualdade de condições entre cidadãos, de desenvolvimento equilibrado e de bem-estar colectivo. Aquilo a que temos assistido em Portugal, no século XXI, sobretudo nos últimos cinco anos, é a um preocupante retrocesso social, ao empobrecimento do país e dos portugueses, a um escandaloso aumento das desigualdades e à cada vez maior concentração da riqueza nas mãos de uma ínfima minoria de ultra-privilegiados.

Hoje, a esquerda está em condições de romper com esta lógica demolidora e desmentir a afirmação falaciosa da senhora Thatcher - adoptada por Cavaco, Passos e Portas - segundo a qual «não há alternativa» às políticas neoliberais e à austeridade que atingem brutalmente a maioria do povo. PS, BE e PCP estão em vias de negociar, não um governo de coligação, mas um compromisso, uma plataforma de acordo parlamentar, que viabilize um governo do PS ancorado a uma maioria de esquerda na AR, rompendo com a exclusiva dependência da direita que tem caracterizado a história dos executivos em Portugal nos últimos 40 anos. Este esforço sério merece todo nosso apoio activo.

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