Debater a Banca, Combater um Espírito Pouco Santo - Economista Eugénia Pires

14-09-2014 02:44

Com o título «Debater a Banca - Combater um Espírito Pouco Santo», a ATTAC realizou no passado dia 6 de Agosto uma sessão pública moderada pela jornalista Ana Sá Lopes para a qual convidou 3 especialistas com diferentes abordagens e onde participaram cerca de 100 pessoas que tiveram também oportunidade de colocar questões e apresentar os seus pontos de vista.

O debate sobre o que se passa na banca não pode ficar confinado ao debate (necessário) das culpas, das malfeitorias e dos seus responsáveis, mas ir mais fundo na discussão. A qualidade e actualidade das intervenções e a urgência e vontade de prosseguir este debate são mais do que razões para que partilhemos e divulguemos a opinião da economista Eugénia Pires 

Do debate, a reflexão crítica suscitou questões centrais como a exigência política do controlo público do sistema financeiro, e a necessidade de enfrentar a ideia “too big to fail”, “too big to jail” (grandes demais para falir, demasiado grande para a cadeia) e excessivamente grande para continuar a condicionar o Estado e as nossas vidas sendo dirigido pela ganância e pela ambição do lucro privado.

Recordamos aqui o texto do convite da ATTAC para a participação no Debate:

A actual crise no Banco Espírito Santo é a maior de sempre no sistema bancário português. Com um resultado negativo recorde de quase 3 600 milhões de euros no primeiro semestre de 2014, o BES é mais um exemplo desastroso de uma crise financeira que se arrasta há quase seis anos. Em Portugal, nenhum banco saiu incólume. Só graças aos empréstimos de curto prazo do Banco de Portugal e aos fundos para a recapitalização da banca é que os bancos portugueses têm sobrevivido. Os apoios públicos não têm tido, no entanto, qualquer contrapartida por parte da banca, nem na gestão dos seus balanços, assumindo de vez as perdas totais de forma a permitir uma saudável retoma da sua actividade, nem nas suas prioridades de concessão de crédito, nomeadamente na urgente recuperação do investimento produtivo e criador de emprego.

 

Com uma banca que hoje só serve de lastro à economia portuguesa e um modelo de sistema financeiro que está na origem da actual crise económica, é urgente debater no espaço público o que realmente mais importa – as políticas públicas e a redefinição do sistema financeiro de modo a torná-lo compatível com o interesse público e o desenvolvimento económico e social do país. Sabemos da necessidade de um sector bancário saudável para uma economia saudável, mas não estamos dispostos a pagar a mera socialização das perdas privadas. A falência do actual modelo deve ser pois uma oportunidade para colocar a banca ao serviço do emprego e do progresso social.

 

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