Chega de aumentos nos transportes - Frederico Pinheiro

11-12-2012 15:18

Com o final do ano chega o momento de o Governo anunciar os aumentos que irá efetuar nas diferentes áreas da economia e da sociedade. Invariavelmente, todos os anos sabemos que vamos pagar mais por tudo, apesar de os nosso rendimentos estarem congelados. O Governo prepara-se para aumentar pela terceira vez em pouco mais de um ano o preço dos transportes públicos. Não podemos deixar.

Já aqui demonstrámos que o problemas das empresas de transportes públicos não são os seus resultados operacionais, nem os preços praticados, nem o número de trabalhadores e nem mesmo a oferta oferecida, mas sim os montantes gigantescos de juros que são pagos e que são responsáveis por 84% dos prejuízos. E aqui avançámos com alternativas à política de terra queimada colocada em prática pelo Governo.

É mentira que as empresas de transportes públicos estejam endividadas por os preços serem baixos, historicamente baixos. Utilizando sempre a mesma armadilha, os diferentes Governos aproveitam-se para aumentar sempre os preços dos transportes acima da inflação.

De acordo com os dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, desde 2000 os preços dos transportes duplicaram, tendo aumentado 101,1%. Por outro lado,a taxa de inflação no mesmo período ficou-se por um aumento de 36,2%. Ou seja, o preços dos transportes públicos aumentou três vezes mais do que a taxa de inflação em apenas 12 anos.

E bem sabemos que os salários aumentaram ainda menos do que a inflação!

O preço dos transportes deve ser congelado nos próximos anos. Os diferentes Governos apenas têm aumentado as tarifas – com principal destaque para o atual Governo, que efetuou um aumento de 15% e outro de 4% - para entregar de mão beijada as empresas aos capitais privados, que vão receber sem qualquer esforço uma empresa rentável.

Por outro lado, sabemos que apesar da crise financeira, há cada vez menos cidadãos a utilizarem os transportes públicos, tudo por causa do aumento dos preços e dos cortes na oferta.

Não podemos aceitar esta política de terra queimada, que tira aos cidadãos o direito de viajarem de forma acessível. É inadmissível que os cidadãos não consigam sequer utilizar os transportes públicos para procurarem emprego.

Por outro lado, sabemos hoje que a aposta nos transportes coletivos é essencial para combatermos a poluição.

A lógica deve ser diferente: só com mais passageiros nos transportes públicos conseguiremos melhorar os indicadores operacionais. Assim, é urgente congelarmos os preços dos transportes públicos, repormos os descontos para estudantes, desempregados e idosos e ainda aumentarmos a oferta pública para a população.

Porque os transportes públicos devem estar ao serviço dos cidadãos.

Frederico Pinheiro, membro da direcção da ATTAC Portugal

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