Manifesto pela manutenção dos CTT no Estado

22-11-2013 13:20

A função social dos CTT - Correios de Portugal é reconhecida. Para muitos portugueses os CTT, para além dos serviços postais, funcionam como uma pequena entidade financeira de proximidade, onde têm acesso às suas pensões e reformas. Esta proximidade ficará em causa se a privatização for executada.

 No lugar das antigas estações de correios, instalam-se já agências postais em lojas nas quais as regras mínimas não são sequer respeitadas: não é garantida a presença permanente das agências, a confidencialidade das operações não está assegurada. A submissão da presença postal às exigências de rentabilidade levará, inevitavelmente, a uma degradação ainda maior das condições da empresa, da sua presença territorial e da qualidade do serviço prestado.

 Tendo em conta que:

- Os CTT são uma empresa lucrativa que desde 2005 registaram lucros de 438,7 milhões de euros;

- A venda acarreta o risco da transferência de um importante centro de decisão para o estrangeiro;

- Os CTT cumprem um papel  importante no financiamento do Estado;

- A privatização conduzirá à redução dos serviços menos lucrativos e até deficitários, comprometendo a coesão territorial e social. Actualmente, as actividades rentáveis financiam as deficitárias, de forma a assegurar que a extensão do serviço público a todo o país a um custo suportável para todos;

 - Não há forma de garantir que, no futuro, o cumprimento das obrigações de serviço público de correios eventualmente acrescidas de novas atribuições não venham a representar mais um custo para o erário público;

 - A não distribuição diária de correio em contravenção à Lei no processo de preparação da privatização é um comportamento da gestão dos CTT premonitório do que pela certa acontecerá em maior escala depois da privatização;

- Enquanto pública, a empresa tem conseguido acompanhar os cada vez maiores desafios que se colocam à sua actividade, através da inovação, qualificação, diversificação e modernização dos serviços. Os CTT estão na origem do aparecimento do telégrafo, do telex e até do telefone em Portugal, garantindo também um serviço público de correio electrónico a todos os cidadãos, ou seja, sempre na frente da inovação tecnológica;

 - O país já ultrapassou com as privatizações as receitas previstas no memorando da troika, pelo que mesmo nessa perspectiva não se verifica hoje a necessidade de prosseguir com esta medida;

 - Vai entregar-se mais um monopólio público, o que só acontece em 7 países em todo o mundo (com casos já de recompra pelo Estado para reconstruir o serviço de correios, como aconteceu na Argentina), e com experiências muito negativas na Europa (de que a Holanda é o exemplo mais dramático);

 - Os CTT têm um património imobiliário, de veículos, filatélico, museológico, tecnológico, de direitos de propriedade (como a cartografia do Código Postal, etc) que representam receitas actuais e futuras que são privatizadas sem real valorização ou sequer consideração;

 - A licença bancária dos CTT pode originar recursos valiosos para financiar o Estado, que os governos há décadas recusam aos CTT enquanto empresa pública mas que se apressam a prometer nesta ânsia de privatização;

 - Esta privatização não resulta da necessidade de aumento de capitais da empresa, de financiamento para a sua internacionalização, da necessidade de melhoria da sua gestão e/ou qualidade de serviço, ou do financiamento do Estado (tendo até em conta que representa uma receita anual deste que desaparecerá), mas «apenas» de uma motivação ideológica;

 - O processo anunciado de privatização está ferido na sua transparência, conhecido que, a JP Morgan, uma das empresas contratadas para assessorar esta privatização (desconhece-se a que preço), o foi no âmbito das negociações da litigância com o Estado no caso dos SWAP (contrapartida do Estado a favor da empresa).

- Esta privatização, pelo valor actual e futuro da licença do serviço universal de correios e de todo o património dos CTT, constitui, a consumar-se, um facto de reversibilidade difícil e insuportável para o interesse público;

 - A venda constitui a transferência de propriedade pública para privada, que compromete o futuro dos serviços de correios, universal e qualificado, privando as gerações presentes e futuras de um bem e da liberdade de definição do seu rumo num sector que é estruturante para uma sociedade democrática e moderna;

 

Também eu estou contra a venda dos CTT e por isso assino este manifesto.

 

- Adelino Gomes – Jornalista e Investigador

- Alexandre Abreu - Economista

- Alexandre Costa - Jornalista

- Alfredo Barroso – Jornalista e Advogado

- Ana Costa – Professora do Ensino Superior

- Ana Drago – Investigadora e ex-deputada

- Ana Gaspar – Sindicalista e Professora

- Ana Margarida de Carvalho - Jornalista / escritora

- André Freire – Politicólogo, Professor Universitário

- António Eloy – Amnistia Internacional

- António Mariano - Estivador

- António Mouga Lopes – Advogado

- António-Pedro Vasconcelos – Cineasta

- Carlos Luís Figueira - Gestor reformado

- Carlos Trindade, Sindicalista e membro da comissão executiva da CGTP

- Carlos Vieira e Castro - Comerciante

- Catarina Martins – Deputada e coordenadora do Bloco de Esquerda

- Cipriano Justo – Professor Universitário

- Cristina Paixão - Tradutora

- Daniel Oliveira – Jornalista

- Duarte Cordeiro – Economista e vereador da CML

- Eduardo Marques - Estudante

- Eugénia Pires – Economista

- Eugénio Lisboa - Catedrático jubilado

- Eva Bastos - Atriz

- Fernando Jorge, Oficial de justiça e membro da Comissão Executiva da CGTP e do Sindicato dos Funcionários Judiciais

- Fernando Nunes da Silva – Professor Universitário

- Francisco Nuno Ramos - Professor

- Gabriela Ruivo Trindade – Psicóloga, Escritora Prémio Leya 2013

- Helena Roseta - Presidente da AML

- Helga Manuel - Professora

- Inês Subtil - Jornalista

- Isabel Castro – Activista e ex-deputada do PEV

- Isabel Louçã - Professora 

- Isabel Marques Atalaia - Produtora/jurista

- João Afonso - Vereador CML

- João Balão - Músico

- João Camargo - Engº do Ambiente

- João Galamba – Economista e deputado do PS

- João Manso Pinheiro - Estudante Dirigente associativo FCSH/UNL

- João Mineiro – Estudante e bolseiro de investigação

- João Ribeiro dos Santos - Médico

- João Rodrigues - Economista

- João Semedo – Deputado e coordenador do Bloco de Esquerda

- João Vasco Gama – Bolseiro

- Jorge Bateira – Professor Universitário

- Jorge Falcato - Arquitecto

- José Castro Caldas – Economista

- José Cavalheiro - Professor Universitário Aposentado

- José Gusmão – Economista

- Jose Luís Albuquerque, Economista

- José Luís Peixoto – Escritor

- José Neves, Historiador e Professor Universitário

- José Vítor Malheiros – Colunista e consultor

- Leonor Cintra Gomes – Arquitecta

- Lúcia Gomes – Advogada

- Luís Graça - Professor.

- Luísa Ortigoso - actriz

- Manuel Carlos Silva, Professor Universitário

- Manuel Carvalho da Silva – Professor Universitário e Investigador

- Margarida Gil - Cineasta

- Maria Isabel Pargana - Professora

- Mariana Avelãs - Tradutora

- Mário de Carvalho – Escritor

- Mário Jorge Neves - Médico e dirigente sindical

- Maximiano Gonçalves - Consultor de gestão e recursos humanos

- Myriam Zaluar - Jornalista

- Nidia Zozimo – Médica

- Nuno Artur Silva – Autor e Produtor

- Nuno Fonseca - Designer gráfico

- Nuno Serra – Geógrafo

- Nuno Teles - Economista

- Óscar Mascarenhas - Jornalista

- Paula Marques - Vereadora CML

- Paulo Fidalgo – Médico

- Paulo Jacinto – Técnico Administrativo na reforma

- Paulo Ralha - Presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos

- Pedro Delgado Alves – Professor Universitário e deputado do PS

- Pedro Nuno Santos – Economista e deputado do PS

- Ricardo Paes Mamede – Economista e Professor Universitário

- Rita Soares - Professora

- Rita Veloso – Docente e investigadora em Linguística

- Rodrigues Henriques - Empresário reformado

- Rogerio Moreira - Gestor

- Rui Caleiras, Secretário-geral adjunto do SITRA/UGT

- Rui Tavares – Eurodeputado

- Rui Zink - Escritor

- Sara Gonçalves – Atriz e Encenadora

- Sérgio Monte - Membro do Secretariado Executivo da UGT e Secretário-geral do SITRA

- Sofia Meneses - Jornalista/desempregada

- Teresa Dias Coelho - Artista Plástica

- Teresa Pizarro Beleza - Professora Universitária Catedrática

- Tiago Mota Saraiva - Arquiteto

- Vítor Dias – Reformado

 

 

Corpos Sociais da ATTAC Portugal

António Avelãs – Dirigente SPGL

Bernardino Aranda – Livreiro

Bruno Simão – Publicitário

David Ávila – Gestor Financeiro do Terceiro Sector

Eduardo Marques – Médico

Florival Lança – Reformado

Frederico Pinheiro - Jornalista

Helena Romão – Musicóloga e tradutora

Henrique de Sousa – Investigador

Isabel Tadeu – Funcionária Pública

João Almeida – Assessor CML

Luís Bernardo – Historiador

Luís Mouga Lopes – Gestor

Mário Tomé – Capitão de Abril e membro dos Corpos Sociais da ATTAC Portugal

Nuno Ramos de Almeida – Jornalista

Paula Gil – Ativista

Paulo Coimbra – Doutorando

Sara Rocha - Economista

Sérgio Manso Pinheiro – Funcionário Público

 

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